sábado, 30 de julho de 2011

O CORDELISTA


Um cordelista tabaréu
Autêntico sertanejo sergipano
Escrevia literatura de cordel
Com pincel e tinta em pano.


O cordelista bordava gravura
Para ilustrar o que escrevia
Apesar de pouca cultura
Fazia versos com maestria.


O cordelista sertanejo retratava com esmerado zelo
O Velho Chico as cidades ribeirinhas banhar
Dom José Brandão de Castro pastor modelo
Catedral de Santo Antônio de Propriá.



O cordelista escrevia Poço Redondo cidade galardão
Quantas histórias para contar
Frei Enoque Salvador de Melo teólogo da libertação
Exemplo de amor ao próximo para compartilhar.



O cordelista vendia em feiras livres sua arte sertaneja
Pendurava os panos bordados e escritos em barbante
Ganhava dinheiro e apulso de bendito seja
Ficava horas a fio debaixo de sol escaldante.


Um dia o cordelista tabaréu
Por ter bordado Cristo em ato libidinoso sua vida passou a andar de ré
Proibiram de vender seu ganha pão e usurparam seu troféu
Hoje sobrevive pescando no Velho Chico de jereré.