terça-feira, 28 de abril de 2009

SINDICATO DOS TRABALHADORES DO SERTÃO

Aproxima-se da caneca de alumínio
engole a água barrenta,
esfrega o lodo, transpira o esgoto podre
no fogão de lenha, somente cinzas mortas.

Apazigua a fome
a transforma em sono
deita em rede dependurada na cumeeira
dorme sobre a luz de candeeiro.

O dia amanhece
o sol ainda não deu sinal de vida
saí para labuta, sem nada comer
estômago seco, vida seca.

Sua enxada abre as entranhas da terra
planta por empreitada o que não vai colher
tem sede, o único líquido visível é o seu suor
maldisposto cambaleia em cima da cova de inhame.

Grunhido se estatelar ao chão
retorce de dor, sente gosto de fel na boca
não vem socorro, não há mais ninguém na capuaba
já inerte, o trabalhador adormece para a vida eterna.

domingo, 19 de abril de 2009

VALSA PARA CATAGUASES

eu quero ter as formas de um
- “inferno provisório” -
ter diante dos meus olhos uma
- “vista parcial da noite” -
por que beber, em gole, a tempestade?
para lançar a guerra de celofane
perpertuar o nome
maravilhosa literatura brasileira
somos de cataguases
por onde a vida passa
amamos ruffato
por onde as ruas andam
queremos cataguases
magnífico ato.

sábado, 4 de abril de 2009

RECÔNCAVO

Poesia
que
enxerga
deleta
cega.
Poesia
que
empestea
frea
sacanea.
Poesia
que
lida
vista
não é compreendida.