domingo, 26 de fevereiro de 2012

Poesia - Doxologia


Doxologia

Há tão pouco a dizer
Há tão pouco a esperar
Há tão pouco a fazer.

Há muita falta de verdade
Há muita falta de pudor
Há muita falta de honestidade.

Há enorme carência de poesia
Há enorme carência de afeto
Há enorme carência de liturgia.

Há em demasia religião
Há em demasia violência
Há em demasia ingratidão.

Há escassez de solidariedade
Há escassez de perdão
Há escassez de felicidade.

(Todos os direitos reservados a Antônio Menrod)



quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A VOSSA PAZ

Diletos, vejam que esplêndido este texto de Santo Agostinho!

"Tarde Vos amei,
ó Beleza tão antiga e tão nova,
tarde Vos amei!
Eis que habitáveis dentro de mim,
e eu, lá fora, a procurar-Vos!
Disforme, lançava-me sobre estas formosuras que criastes.
Estáveis comigo e eu não estava Convosco!
Retinha-me longe de Vós
aquilo que não existiria,
se não existisse em Vós.
Porém, chamastes-me,
com uma voz tão forte,
que rompestes a minha Surdez!
Brilhastes, cintilastes,
e logo afugentastes a minha cegueira!
Exalastes Perfume:
respirei-o, a plenos pulmões, suspirando por Vós.
Saboreei-Vos
e, agora, tenho fome e sede de Vós.
Tocastes-me
e ardi, no desejo da Vossa Paz."



quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

TEMPO QUARESMAL


"Na quarta-feira de cinzas foi iniciado o tempo da Quaresma. O Concílio Vaticano II nos adverte: “A penitência quaresmal deve ser também externa e social, não só interna e individual” (“Sacrosantum Concilium”, 10). Aliás, este dever não se restringe apenas ao período preparatório à Páscoa, mas é uma decorrência da própria natureza da vida cristã.

O homem moderno busca o prazer a qualquer preço e reage às restrições feitas ao mesmo. O sofrimento, para ele, é algo meramente negativo, que deve ser afastado. Por isso, as crenças religiosas que surgem na atualidade, alcançam mais sucesso, são aquelas que oferecem um produto que é ansiosamente desejado. Mesmo se falso, muitos se deixam enganar na expectativa de obter a saúde, o emprego, o dinheiro, felicidade imediata na terra, por meios fáceis, sem compromissos com a liberdade.

Cristo veio ensinar uma doutrina que se expressa na seguinte comparação: “Entrai pela porta estreita, porque largo e espaçoso é o caminho que conduz à perdição e muitos os que entram por ele. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho que conduz à vida e poucos são os que o encontram” (Mt 7,13-14).

Todo o cristianismo brota de um instrumento de suplício: a Cruz. E somente através do sofrimento do homem, unido ao de Cristo, abrem-se para nós as portas da salvação.

Intimamente relacionadas com essa verdade, estão as determinações decorrentes dos Mandamentos. Com a desordem instalada em nossa vida, tornou-se difícil seguir o caminho estabelecido pelo Criador para as suas criaturas. Somente esta constatação nos faz compreender que não é possível sem grande esforço cumprir o que nos é exigido. A corrente segue em direção contrária e é preciso remar contra, para assegurar o rumo.

Por isso, a Sagrada Escritura nos fala repetidamente dessa luta que convive conosco e que deve ser levada a bom termo.

No Antigo Testamento, repetidas vezes e sob variados aspectos, nos é apresentado o sentido religioso da penitência. Ora para aplacar a ira divina, desencadeada por nossos delitos, outras vezes para conseguir a benevolência do Senhor. O jejum, a esmola e a oração tem especial destaque no texto sagrado.

No Novo Testamento assumem dimensões novas e mais amplas. Sua importância se revela no fato de Jesus ter assim inaugurado sua pregação: “Depois que João foi preso, veio Jesus para a Galileia, proclamando o evangelho de Deus: ‘Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho’” (Mc 1,14-15).

A explicação dessa exigência é simples. O homem foi feito à imagem de Deus. A liberdade que lhe dá essa dignidade única em toda a criação é, ao mesmo tempo, uma fonte do mal – quando usada para contrariar a ordem estabelecida pelo Senhor. Para guardar o reto equilíbrio entre as paixões decorrente da estrutura material e a razão, iluminada pela Fé, característica do seu componente espiritual, faz-se mister o emprego de recursos outorgados pelo Salvador. Entre eles, está o autodomínio que se adquire pelas restrições que solidificam a vontade e manifestam ao Senhor nossa adesão às suas orientações. A obediência é um ato de louvor a Deus que nos impõe deveres, no caso: os Mandamentos de Deus e, em seu nome, os da Igreja.

A independência que se adquire, pela ascese cotidiana nos faz crescer na dimensão transcendental e fortalece os valores que asseguram posições em consonância com o Salvador. Em toda nossa existência, o cumprimento do Evangelho nos garante admirável paz e segurança no presente e no futuro.

Toda essa visão é absolutamente incompreensível e inaceitável para quem não acredita no Redentor nem vive seus ensinamentos. Caminham pelas estradas da vida, lado a lado, duas correntes humanas: uma que assume posições decorrentes da Fé e a outra, sem esse rumo, que opta por diversos outros procedimentos. O resultado é o que vemos cada dia e a expressar-se constantemente nos meios de comunicação social, em nosso relacionamento nas ruas, nos lugares de trabalho e, muitas vezes, no próprio lar.

O cristão não se satisfaz em ser fiel à sua crença. Esta o compele (cf 2Cor 5,14) a iluminar o próximo desgarrado. E este tempo da Quaresma nos oferece uma grande oportunidade ao aperfeiçoamento pessoal e eficaz atuação missionária, em nosso ambiente. Um dos principais recursos é a prática da penitência. Sem dúvida, este comportamento nos deve ser familiar durante todo o ano, mas de modo especial, nesse período do ano litúrgico que prepara a celebração da Paixão, Morte e Ressurreição, a Semana Santa, o Tríduo Sagrado.

Convém lembrar que “penitência” não se identifica com a dor física, supressão do alimento ou algo semelhante. Estes aspectos de mortificação do corpo, evidentemente, estão aí incluídos como meios. Contudo, muito mais ampla é sua dimensão. Assim, toda nossa atividade em favor do próximo é um fator de crescimento religioso. Outrossim, o cumprimento do dever ocupa lugar especial na vida cristã. Há, realmente, uma ampla liberdade de escolha. Restrito é o que há de ser obedecido: o jejum e abstinência, na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira da Paixão. No entanto, trata-se de matéria obrigatória e não simplesmente, uma opção voluntária; atingindo quem tem idade e saúde cumpri-los. A Constituição Apostólica “Poenitemini” (nº 18) resume estas duas faces – a observância estrita de certos atos e a opção por outras modalidades – quando exorta “a buscar, além da abstinência e do jejum, expressões novas mais aptas a realizar, segundo a índole das diversas épocas, o próprio fim da penitência”.

O tempo da Quaresma é rico de graças. Aproveitemo-lo com a alegria de quem segue os passos de Jesus."

Artigo de autoria do Cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales, Arcebispo Emérito do Rio de Janeiro. Escrito em 27/02/2009.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

CARNAVAL!!!



"Carnaval significa “festa da carne (alimento)” e era, em seus primórdios, uma festa religiosa. Às vésperas da Quaresma, diante da perspectiva de passar quarenta dias em abstinência de carne (como acontecia antigamente), os cristãos fartavam-se de assados e frituras entre o domingo e a “terça-feira gorda”, também conhecida pelo nome francês Mardi Gras, último dia antes da Quaresma. Nos Estados Unidos, o termo mardi gras é sinônimo de Carnaval.


Todo indivíduo sente necessidade de alegria. Sem ela, a existência se torna insuportável. A própria saúde física se ressente. Diz a Sagrada Escritura, no livro do Eclesiastes (9, 15ss): “Por isso louvei a alegria, visto não haver nada de melhor para o homem (…) é isto que o acompanha no seu trabalho, durante os dias que Deus lhe outorgar debaixo do sol”. E o Senhor, no livro dos Provérbios (2,14-15), lembra que há limites, pois são reprovados os “que se alegram por terem feito o mal e se regozijam na perversidade do vício, cujos caminhos são tortuosos e se extraviam por vias oblíquas”.


Os festejos carnavalescos têm remota e obscura origem eclesiástica. Tanto assim que dependem de uma data móvel do calendário litúrgico. Antecedem sempre o início da Quaresma. Terminam com as Cinzas da quarta-feira. E a Igreja, em seu ritual de administrar as cinzas sobre os fiéis, recorda ao homem a fragilidade de sua condição: “Lembra-te, ó homem, que és pó e ao pó hás de tornar”. A Quarta-feira de Cinzas instiga-nos a refletir sobre esta experiência inelutável: a morte.


Quaresma é tempo de voltar para Deus, de reaquecer a fé e de mudança de vida e superação das atitudes patológicas. Muitos ainda hoje se abstêm de comer carne, mas esquecem-se da caridade fraterna, agindo de forma hipócrita e medíocre. Já lembrava São Leão Magno: “é inútil tirar ao corpo a comida, se não se tira da alma o pecado.” A intuição central da Quaresma é a mudança de atitudes e práticas favorecendo a solidariedade e a fraternidade.


Nesses dias ruidosos de Carnaval, devemos ter a coragem de avaliar o que ocorre em nosso país por tradição. Por vezes, assumem proporções de verdadeiras orgias coletivas, com crescente degradação dos padrões morais e agressão à dignidade humana.


O Carnaval, infelizmente, perdeu, aos poucos, seu sentido original de diversão simples do próprio povo. Vem a ser mais um espetáculo para turistas, e oportunidade aos menos escrupulosos de extravasar baixos instintos, esperando contar com certa cumplicidade do meio ambiente. Aumentam os crimes, os atentados ao pudor, as violências e o excesso de álcool. Cresce o consumo das drogas, que geram os “dependentes”, porque usaram abusivamente sua “independência”.


O corpo humano tem uma dignidade inalienável. Não pode ser profanado pelo exibicionismo desregrado. Aviltar dessa maneira a beleza é atingir o próprio Deus, de onde emana tudo o que temos de positivo, Ele, que é origem de toda beleza. São Paulo nos ensina: “Fugi da fornicação. Todo pecado, que o homem comete, é exterior ao seu corpo; aquele, porém, que se entrega à fornicação, peca contra o próprio corpo”! Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo?” (1Cor 6,18-19). E o Apóstolo é incisivo: “Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá” (1Cor 3,17).


A necessidade da descontração na vida de um povo sofrido como o nosso é indiscutível. Mas essa necessidade deixa de ser satisfeita quando se perde o equilíbrio, a temperança. Há limites. Ultrapassá-los é cair na insensatez coletiva. Não devemos nos esquecer de que há formas nobres, simples e sadias de lazer. Elas irradiam a alegria autêntica que refaz as forças do corpo e aumenta as energias do espírito. Os festejos são positivos e legítimos, quando não abandonamos o bom senso.


Que fazer, então? Refletir, durante esses dias, sobre as conseqüências que poderão advir. Isso nos conduz a uma indispensável moderação, distinguindo, do que há de aceitável, aquilo que encerra em seu bojo condenáveis manifestações de baixos instintos. Afinal, somos seres racionais e não simples animais, destituídos de razão. Isso nos possibilita selecionar o que é saudável, nesse período que antecede a Quaresma e rejeitar o que fere uma consciência cristã. Assim evitamos desgraças irrecuperáveis.


Recordamos o que nos dizia o Beato João Paulo II: “Tenho diante dos olhos a imagem da geração de que fazemos parte: a Igreja compartilha a inquietude de não poucos homens contemporâneos. E, no entanto, há que se preocupar ainda com o declínio de muitos valores fundamentais, que constituem um bem incontestável, não só da moral cristã mas também, simplesmente, da moral humana, da cultura moral” (Encíclica “Dives in Misericordia”).


Por uma submissão generosa, o homem prudente orienta seu procedimento, discernindo o aceitável e repudiando tudo aquilo que contraria frontalmente nossa qualidade de filhos de Deus. Temos que compreender nossa época, inseridos que somos no mundo, mas é preciso coragem para reprovar o que se opõe à dignidade humana, fundamentada no Evangelho de Jesus Cristo. Muitos são severos nos julgamentos, aliás justos, da corrupção pública. Costumam, entretanto, omitir-se nesse outro tipo de devassidão coletiva, igualmente conseqüência de uma sociedade impregnada de critérios materialistas, secularizados.


Dezenas de milhares de católicos que não viajam para a praia ou fazenda participam de retiros espirituais. Eis uma boa opção para passar esses dias que antecedem a Quaresma, uma ocasião para reflexão, silêncio, oração.


O Carnaval constitui para nós, cristãos, um desafio. Deve nos impulsionar a alguma atitude positiva, distinguindo o direito ao lazer dos abusos oriundos dos desvios morais, que tentam obscurecer a nobreza do espírito. Os excessos, em vez de deixarem o ânimo abatido no cristão, estimulam nossa confiança no Salvador, a possibilidade de recuperação, sempre latente no íntimo de nossos irmãos. Condenemos o mal, mas confiemos no poder de Deus."

Artigo escrito pelo o Cardeal D. Eugenio de Araújo Sales, Arcebispo Emérito da Arquidiocese do Rio de Janeiro, em 19/02/2007.



sábado, 11 de fevereiro de 2012

AVE CHEIA DE GRAÇA!!!


Festividade Litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes

"Ó clemente, ó piedosa, ó doce e sempre Virgem Maria!"

Portanto, para glória da Virgem e para nosso conforto, proclamamos Maria Santíssima Mãe da Igreja, isto é, de todo o Povo de Deus, tanto dos fiéis como dos pastores, que lhe chamam Mãe amorosíssima; e queremos que com este título suavíssimo seja a Virgem doravante honrada e invocada por todo o povo cristão.
Servo de Deus Papa Paulo VI