quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

POESIA - NO DIA EM QUE NASCI

No dia do meu aniversário, hoje, vou postar uma poesia que escrevi em 1989, quando ainda estava no seminário em Maceió/AL.



NO DIA EM QUE NASCI

Menino Salgado
Menino Minado
Menino Amado.
Menino Depravado
Menino Surrado
Menino esculachado.
Menino avergonhado
Menino desorientado
Menino invertebrado.
Menino acomodado
Menino desassossegado
Menino finado...
...Menino que nasceu em forno de olaria.





Aviso aos Navegantes.
A partir desta presente data não mais postarei diariamente no meu blog. Assoberbado de afazeres, não detenho de tempo suficiente para tal feito. Grato pela a compreensão.

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008

POESIA - COMPARTILHAÇÃO

Nada é tão forte que o vento não possa tirar do lugar
Pois assim como o vento à vida se move.
As pessoas se aglomeram
E se encontram.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

POESIA - A EROSÃO

NO PÍER NÃO HÁ NAVIO ÂNCORADO, NÃO HÁ
EXISTE SOMENTE A SOLIDÃO TRANSFIGURANDA.
A SIRENE NÃO ANUNCIA À HORA DA PARTIDA
COM ISSO SE PERDE A HORA DA CHEGADA
E NADA SAI DA LÓGICA DA HORA MARCADA.
NO PORTO A SOLIDÃO COROI A EROSÃO
ESTRAÇALHA O CORAÇÃO
EM VER O MAR LEVANDO A QUEM SE AMA.

CHEGADA E PARTIDA, FEITO MORTE E VIDA.

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

POESIA - ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU

Madredeus todas as mulheres
Deuspadre todos os homens
Sejam todos um só corpo.
Tenham todos a paz do ventre
Pois bendito é a alma da árvore seca
Das palmas fechadas
Esperando notícias não reveladas.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

CONTO - OS ÍDOLOS DE LILIAN

Conto escrito em 2002.

OS ÍDOLOS DE LILIAN

Agora está tudo consumado. Não adiantava negar o óbvio, o nome da minha família estava mesmo atolado na lama. Estávamos tomando o café da manhã quando a governanta trouxe para o meu pai o jornal dobrado, do qual ele é assinante. Para desespero geral, estava na primeira página uma foto, tamanho 10x15, do meu pai com a seguinte legenda: “Este homem desviou mais de R$ 160 milhões de reais do INSS”. Eu não sei exatamente o que são R$ 160 milhões, eu só sei, que tem muitos zeros, e se tem muitos zeros é porque é muito dinheiro. De uma coisa eu sei, o pessoal do jornal devia ter mais consideração com meu pai, afinal de contas, ele é assinante há mais de 20 anos. Eles não poderiam publicar a foto do meu pai e, ainda por cima, chamá-lo de ladrão. Assim que tiver oportunidade vou pedir ao meu pai para ele cancelar a assinatura do jornal.
Durante todo o dia, minha mãe ficou trancafiada no quarto; tomou tantos remédios que estava com uma aparência de zumbi. O meu pai passou horas a fio ao telefone falando com os advogados que cuidavam da sua defesa. E eu fui terminantemente proibida de sair de casa. Ir aos shoppings diariamente é coisa sagrada para mim. Também, mesmo se quisesse sair não iria poder, o condomínio onde a gente mora, na Barra da Tijuca, vivi impestiado de jornalistas querendo, a todo custo, entrevistar meu pai.
Para azedar de vez a nossa situação, à noite, o “Jornal Nacional” exibiu uma matéria dizendo que meu pai era o chefe da quadrilha que desviou os tais milhões do INSS. Meu pai se levantou da poltrona xingando Deus e o mundo. Mamãe, como sempre, chorava descontroladamente, deu ordens proibindo os empregados de ligarem a TV e o rádio e que rasgassem o jornal assim que o jornaleiro fizesse a entrega pela manhã. Pela primeira vez achei William Bonner feio. Sempre o achei bonito e de olhar sexy, mas depois que ele falou aquelas coisas horrorosas no “Jornal Nacional” sobre meu pai, acho-o feio. Ele não é mais o meu ídolo. Até rasguei da minha agenda o autógrafo que ele havia me dado no dia em que ele foi fazer uma palestra no Santo Inácio, onde estudo desde o Maternal.
Meu pai é o melhor pai do mudo, tudo que eu peço ele me dá. Nunca diz não! Eu aproveito a condição de ser filha única, pelo menos legitimamente. É que meu pai tem um filho bastardo. As pessoas mais próximas da minha família acham que meu pai tá sendo usado como bode expiatório. Há até quem bota a mão no fogo pela idoneidade do meu pai. O erro dele é confiar excessivamente nos outros, dizem os amigos. Meu pai, por ser um Juiz Federal, vivi cercado de gente mal intencionado. As indenizações arquimilionárias que ele assinava, os alvarás para serem pagos pelo INSS, tudo foi feito dentro da mais completa lisura, ele fez tudo na boa fé. Quem garante e o Dr. Aberlado Alcântara, um dos muitos advogados que lutam para inocentar meu pai.
Toda noite meu pai vem ao meu quarto me dar um beijo de boa noite, mesmo se eu estiver dormindo ele me beija, naquela noite não foi diferente, mesmo com o mundo caindo na sua cabeça. Meu pai veio até o meu quarto com a minha mãe e me beijou. Não sei por que fingi que estava dormindo, ouvi quando ele fez um comentário.

___ Temos que tirar a Lilinha do Brasil.

___ Por quê? Você acha necessário tomar essa medida drástica? Ela é apenas uma menina de 13 anos. Tão criança e já tendo que passar por tudo isso. Quando é que viajaremos?

___ Nós não podemos viajar com ela, nossos passaportes foram apreendidos pela Polícia Federal.

___ Lilinha vai viajar sozinha para os Estados Unidos?

___ Não! Lilinha vai viajar com Vilma, ela será a tutora da nossa filha.

___ Mas por que a governanta? Uma mulher nordestina, de nenhuma instrução.

___ Esta mulher nordestina de nenhuma instrução, governanta da nossa casa, é a dona de toda nossa fortuna. Eu coloquei os R$ 160 milhões em nome da Vilma, em uma conta na Suíça.

___ Você é mesmo um ladrão de merda. Como é que você rouba R$ 160 milhões e bota tudo no nome de uma retirante sem eira nem beira?

___ Olha lá como você fala comigo heim? E vamos sair daqui para não acordar a Lilinha.

Depois desta cena, eu não consegui mais abrir os olhos, realmente adormeci de verdade. No dia seguinte, cheguei à conclusão que aquela terrível confissão do meu pai não passou de um pesadelo provocado pela turbulência pela qual minha família atravessava. Imagine se meu pai, idolatrado, salve, salve, seria desonesto! Um homem feito meu pai é raro! Sempre preocupado com os menos favorecidos. Eu amo muito meu pai, ele é o meu ídolo.
Quando sai do meu quarto, para tomar café, encontrei várias malas na sala, curto e grosso meu pai falou.

___ Hoje, às 11h, você estará embarcando para Miami com dona Vilma, as duas ficaram em nosso apartamento em Miami. Depois, sua mãe e eu iremos ao encontro de vocês.

Não respondi nada! Fiquei calada durante todo o trajeto até o Aeroporto Internacional Antônio Carlos Jobim. Quando o avião levantou vôo, vi que tudo que aconteceu ontem à noite no meu quarto, não foi pesadelo, mas sim a incontestável verdade do meu pai. Eu não amo mais meu pai. Eu amo a Vilma, minha tutora. Ela é meu ídola.

sábado, 23 de fevereiro de 2008

POESIA - O SOPRO

Este poema fiz a partir de uma analogia superficial das forças da natureza.

Neste momento, feito de tempo
resta-me todo o tempo do mundo.
As vozes do tempo inibe o momento
que não sabe a direção do vento... vento... vento.
O sopro retira as entranhas dos rinocerantes
massagra o momento
desgoverna o tempo
mutila o vento.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

QUE VENHA A BONANÇA

Há um ditado que neste momento me faz bem repeti-lo. _ “Depois da tempestade vem a bonança”. Após desagradáveis incidentes parece que dar para enxergar uma luzinha no fim do túnel. Estou confiante que na próxima segunda-feira, terei as coisas nos seus devidos lugares. Até lá, remarei no rumo do percurso do aguardo.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

CONTO - O NASCIMENTO DO FILHO DE DEUS

Conto escrito em 2001.

O NASCIMENTO DO FILHO DE DEUS


Quando o pastor Joaquim, da Igreja Evangélica Glória a Deus, e sua esposa a obreira Ana, tomaram conhecimento que a única filha do casal, estava grávida, ficaram atônitos.

___ Como foi acontecer isso? Como eu vou olhar para as pessoas? Você não pensou no desgosto que nos causaria?

___ Tenha calma Joaquim, você é um safenado!

___ Calma uma pinóia. Como posso ter calma Ana, se a desgraça abateu-se sobre nossa família.

O pastor Joaquim demonstrando muita raiva avançou pra cima de Maria, e começou a chacoalhar segurando-a pelos os braços.

___ Confesse sua filha desnaturada, diga quem foi o safardana que a desonrou!

___ Joaquim, largue nossa filha, não vê que Maria esta apavorada, assim como nós!

___ Mas ela tem que dizer quem foi o filho da puta que a engravidou. Quem é o pai desta criança que você carrega na barriga?

___ A criança que eu carrego no meu ventre, é Filho de Deus!

___ Que blasfêmia é essa que você esta falando Maria? Além de desvergonhada, você é doida?

___ É verdade meu pai, eu nunca iria falar o Santo nome de Deus em vão. Nasci e cresci pondo em prática os dez mandamentos de Lei de Deus, jamais iria cometer um sacrilégio contra Deus.

___ Deixe a Maria falar, Joaquim! A gente sabe que nossa filha seria incapaz de mentir... Continua Maria.

___ Há um mês, eu estava no meu quarto, deitada, quando um Anjo, enviado por Deus, apareceu para mim, fazendo essa saudação: “ Bendito és tu entre as mulheres, e bendito és o fruto do vosso ventre”. Foram estas as palavras do Anjo, antes de me dizer que eu havia sido escolhida para trazer o filho de Deus ao mundo.

Joaquim se convenceu de que Maria falava a verdade. Abraçou-a, a beijou e ficou de joelhos pedindo perdão por não ter acreditado nela no primeiro momento.

___ Deus olhou para humildade desse servo e atendeu o meu clamor. Será no seio da nossa família, que o Filho de Deus virá ao mundo: Oh Nazaré, distrito de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, de modo nenhum és a menor entre as capitais; porque de ti sairá o Guia que há de apascentar o povo de Deus. Louvado seja o Senhor meu Deus.

Mãe e filha responderam ao mesmo tempo:

___ Para sempre seja louvado.

Depois de todos comemorarem, brindando com taças de vinho, Ana chamou a atenção do esposo.

___ O senhor meu marido, já parou pra pensar o que falaremos aos irmãos da igreja, quando a barriga de Maria começar a crescer?

___ Bem lembrado Ana! Eu ficarei sem autoridade diante do meu rebanho, como posso exigir retidão, se na minha casa tem uma filha mãe solteira. Pois não podemos contar a verdade, acharão que Maria é uma alienada, inventou essa história descabida para encobrir sua vadiagem.

___ Meu marido tem razão. E quanto a nós dois, eles com certeza nos expulsaram da chefia da igreja. Que faremos, Joaquim?

___ Deus nos concedeu uma graça, mas também nos dará muitas provações. Vamos orar, a Providência Divina mandará respostas para nossas perguntas.

Os três de joelhos no meio da sala, oravam em voz alta em línguas, pedindo a Deus discernimento para ter a solução do dilema.

___ Tive uma revelação, Deus acabou de me mostrar o caminho a ser seguido.

___ Que seja feita a vontade de Deus! O que Deus revelou ao senhor meu pai?

___ Maria, você vai ter que casar o mais rápido possível, não temos tempo a perder!

___ Casar com quem, Joaquim? Se Maria não tem nem namorado. A nossa filha nunca namorou na vida!

___ Com José! Maria vai se casar com José.

___ Quem é José, meu pai?

___ José é aquele que trabalha na marcenaria do seu Antero.

Ana ficou assustada com a revelação que Joaquim apresentou, e começou a enumerar contradições com relação ao nome de José.

___ Mas ele é alcoólatra, senhor meu marido.

___ A Bíblia diz que: não só de pão viverá o homem.

___ Dizem que ele é assalariado, ganha um pouco mais que o salário mínimo, Joaquim.

___ Está escrito na Bíblia que: o justo vive da fé.

___ Comentam que o infeliz é mentiroso, gosta de contar bravata, senhor meu marido.

___ Tá na Bíblia: conhecerá a verdade e a verdade vos libertará.

___ Falam que ele é caolho, Joaquim.

___ Também está escrito na Bíblia: Eu sou a luz do mundo, ninguém vem ao Pai senão por Mim.

___ Não vou mais argumentar meu marido, se o senhor acha que José é o homem ideal para casar com a nossa filha, que seja ele então.

___ Não é que ele seja o ideal, Ana, ele é o único que dentro das atuais circunstâncias serve para casar com Maria, mesmo ela estando grávida. Ele só vive bebendo e nem perceberá o detalhe da gravidez.

___ Se meu pai, recebeu uma revelação de Deus, é porque tem que ser assim, minha mãe. E assim será!

___ Corre, corre lá Ana na marcenaria do seu Antero e convide o José para vir jantar conosco esta noite. Vá depressa.

___ Estou indo, meu marido, estou indo. Maria enquanto vou à marcenaria, adiante na cozinha os preparos para o jantar.

O convite foi feito e aceito por José. O auxiliar de carpinteiro ficou tão feliz, que durante o resto daquele dia, não pôs um gole se quer de bebida alcóolica na boca. Na hora marcada, José chegou na casa do pastor Joaquim, que recebeu o futuro genro com muito contentamento.

___ Entra, meu filho! Seja bem-vindo á casa deste humilde servo de Deus. Acredito que não há necessidade de apresentações, pois você já conhece: minha esposa a obreira Ana e minha adorada filha Maria.

___ Dona Ana, muito obrigado pelo convite. Maria me permita beijar suas mãos, tô até suando frio de tanto nervoso. São muitas as emoções, pois, não é segredo para ninguém, toda Nazaré sabe da minha estimação pela vossa pessoa.

___ Fico muito grata, José!

___ Ana, Maria, vão lá pra cozinha terminar de preparar o jantar, enquanto eu converso com o José.

___ Faço gosto, pastor Joaquim, de prosear com vossa santidade.

___ Para com isso, José, santo é Deus. Mas vamos, vamos sentar, você aceita uma taça de vinho, José!

___ Vinho eu não bebo não! É muito doce e dá dor de cabeça. Agora se o senhor tiver uma cachacinha eu aceito sem pestanejar.

___ Não é hábito ter cachaça na minha casa, eu sou um pastor e guio um enorme rebanho. Porém, sabendo que você não dispensa uma boa cachaça, mandei providenciar a melhor cachaça do Estado do Rio de Janeiro, feita no alambique de Pedro do Rio.

___ Eu tinha prometido a mim mesmo, que não iria por álcool na minha boca hoje, seria abstinência total. Mas se a cachaça é oferecida por vossa santidade, creio que não é pecado beber.

___ Pode beber, beba mais. Beba quanto você quiser.

___ Se eu não conhecesse vossa santidade, eu ia pensar que o senhor quer me deixar bêbado. Mas diga-me pastor Joaquim, qual é a razão deste convite repentino para o jantar?

___ Vou direto ao assunto! Qual é sua intenção para com minha fila Maria?

___ Quero muito bem a Maria, mas acho que não sou o homem certo para namorá-la. Sou um bancarrota, não tenho eira nem beira. Além do mais gosto de tomar umas e outros. Maria é uma santa, é muita areia para o meu caminhãozinho.

___ Pra quando é o casamento?

___ Casamento? Se namorar Maria pra mim é algo impossível, imagine casar!

___ Concedo-lhe a mão da minha filha Maria, para ser sua esposa!

___ Nossa, eu nem sei se mereço tanta graça. Vou até beber mais, tô tão feliz! Hoje é o dia mais feliz na minha vida.

___ Pode beber, adquiri a garrafa de cachaça para você. Vou chamar minha esposa e minha filha para você oficializar o pedido de casamento. Maria..., Ana cheguem aqui, o José quer fazer pronunciamento.

José que estava sentado na poltrona da sala bambeou ao tentar ficar em pé. Não conseguiu, pois já havia bebido mais que a metade da garrafa. Joaquim aconselhou que o futuro genro fizesse o pedido de casamento sentado mesmo.

___ Digníssimo pastor Joaquim, idolatrada salve, salve obreira Ana, quero pedir a vocês a mão da vossa estimada filha Maria. De quem tanto gosto, e quero tê-la como esposa.

___ O que você acha disso, minha filha, casamento é uma coisa séria, o que Deus uniu homem não separa.

___ Meu pai, se o José prometer que nunca mais, em toda sua vida, vai beber cachaça, eu aceito ser sua esposa.

___ Eu prometo, juro por Deus que não mais beberei uma só gota, se você me aceitar como esposo, Maria.

___ Bem, se é assim. Se o José prometeu não beber mais, eu como pai da noiva, dou a benção. Já que não há mais nenhum empecilho, vamos marcar a data do casamento. Daqui a três dias tá bom pra você, José?

___ Três dias, assim tão rápido. Eu acho improvável arrumar tudo para a realização do casamento, em apenas três dias.

___ Para Deus nada é impossível! Pois, está escrito na Bíblia: o Senhor mandou destruir um templo que levou quarenta e seis anos, para ser construído, que Ele o ergueria em três dias. Por que esperar mais se vocês dois estão apaixonados?

___ Mas uma vez o pastor tem razão, casaremos daqui a três dias.

___ Agora vamos jantar, antes que a comida esfrie. Ana ajude seu pai a trazer seu noivo pra mesa, José não se segura em pé de bêbado.

___ Não minha sogrinha, não há necessidade, eu posso ir pra mesa com minhas próprias pernas.

Quando ficou em pé, José caiu na poltrona e se apagou de sono. Enquanto os três jantavam, José roncava e delirava em sonhos, com a noite de núpcias com Maria.
O pastor Joaquim percebendo que José estava, pra lá de Bagdá, expressou seu raciocínio para Ana e Maria.

___ Maria, por mais que você ache abominável, o que vou mandar você fazer, é o que tem que ser feito. É o único jeito de José não suspeitar que você ficou gravida, antes dele a possui-la como mulher. Pois até o nascimento do Filho de Deus, que você carrega no ventre, você não, poderá ter contato carnal, com José. Por isso é que eu o embriaguei, para que ele não se lembre de nada no dia da manhã. Vocês vão dormir na mesma cama, e amanhã de manhã eu darei um flagrante forjando em vocês dois. Na cabeça dele, achará que teve relação carnal com você, quando na verdade, você continuará sendo virgem.

___ Você entendeu tudo que seu pai lhe falou, minha filha... Se não entendeu, pergunte a mamãe... Há certos assuntos que mulher só pode conversar com outra mulher.

___ Não se preocupe mamãe, não se preocupe meu pai, eu não sou mais criança, pode deixar que tudo sairá conforme a vontade de Deus.

___ Espero que você realmente faça tudo direitinho Maria, senão, você, sua mãe e eu, seremos apedrejados pela ala ultra conservadora da nossa igreja.

Antes de espalhar os convites, o pastor Joaquim fez questão de anunciar o casamento da filha à comunidade da Igreja Evangélica Glória a Deus. Os fiéis da igreja ficaram divididos: uma parte estranhou a rapidez com que Maria arranjou um noivo e vai se casar, mas com respeito ou medo da autoridade do pastor Joaquim, não fez comentários. A outra parte, teceu comentários maldosos pelos cantos do templo.
Maria não abriu mão de levar pessoalmente o convite do seu casamento para sua prima Isabel, que morava em São João do Meriti, município vizinho de Duque de Caxias. Chegando na casa da parenta, foi recepcionada por Isabel e seu esposo mudo Zacarias.

___ Donde me vem que a mãe de meu Senhor me visite? Quando sua saudação chegou aos meus ouvidos a criança estremeceu de alegria em meu ventre.

___ Isabel, minha dileta prima, doravante as gerações todas nos chamarão de bem-aventuradas, porque fomos as escolhidas por Deus, para trazer ao mundo, o percursor da salvação e o Unigênito do Deus Pai.

___ Maria, Maria! Esteja preparada, uma espada traspassará seu coração, pois o filho que sairá de ti, será perseguido, maltratado e condenado.

Após seis meses da realização da cerimônia matrimonial de José e Maria, o pastor Joaquim e a obreira Ana, haviam morrido. Morreram de morte natural, foram dormir, e no dia seguinte, Maria, que morava com o marido na mesma casa com os pais, encontrou-os desfalecidos com um semblante radiante, como se estivessem dormindo.
Faltava uma semana para completar nove meses de gestação, para Maria dar à luz, era 24 de dezembro, e Maria tinha recebido um convite para cear com José em Gramacho, na casa do pastor Danúbio, que havia substituído o saudoso pastor Joaquim na direção da Igreja Evangélica Glória a Deus.
Já se passava de uma hora da madrugada, quando Maria pediu para ir embora, pois ela estava sentindo fortes dores na barriga. José que tinha se curado do alcoolismo, se tornou, um marido exemplar e muito responsável: era dono da sua própria marcenaria e proprietário de uma Kombi, que servia para entregar os móveis feitos por ele, cheio de dengos para com a esposa, atendeu o pedido de Maria para que fossem embora.
Como Maria estava indisposta, preferiu ir deitada no banco de trás da Kombi. A mulher do pastor Danúbio emprestou um travesseiro para melhor acomodação da gestante. Antes de José ligar a Kombi, o pastor Danúbio o interrogou:

___ O irmão José, já renovou sua carteira de motorista? Andar com carteira vencida é perigoso; além de você pagar uma multa, pode perder o carro.

___ A esta hora pastor Danúbio, não tem perigo nenhum não, a polícia está dormindo.

Respondeu e saiu rindo, convencido que nada de ruim aconteceria. Após uns 15 minutos que o casal estava na Kombi, indo para casa, trafegando pala Av. Washington Luiz, na altura da favela Beira-Mar, as dores que Maria estava sentindo, se tornaram insuportáveis, Maria gemia de fazer dó.

___ José, meu amado esposo, me leve para o hospital. Acho que a criança está nascendo!

___ Calma, vou fazer o retorno e a levarei para o Hospital Geral de Saracuruna.

___ Depressa, José, não vou agüentar, a bolsa estourou.

Chegando nas proximidades de Redoc, no aterro de Belém, José deu de cara com uma blitz policial, com medo de ser multado, e o carro ficar detido, ele resolveu furar o cerco da blitz, não obedecendo a ordem de parar, acelerou toda a velocidade que a Kombi velha agüentava. Em resposta rápida e rasteira, os policias alvejaram com armas de grosso calibre, o veículo suspeito.
A Kombi de José ficou estraçalhada, parecia uma peneira cheia de incontáveis furos. Ao se aproximarem da Kombi, os policiais, ouviram que o rádio tocava a música de Gilberto Gil; “Se eu quiser falar com Deus”, desligaram o rádio e depois, constataram que o motorista estava morto. De repente, o silêncio foi quebrado com um choro de uma criança, encontraram Maria deitada, atrás, no assoalho da Kombi com o seu filho recém-nascido, ambos ilesos, levaram mãe e filho para o hospital.
A notícia da tragédia se alastrou. Para muitos, esta criança era de fato o Filho de Deus que foi prometido, pois, por certo, um ser humano não sobreviveria à tamanha barbárie, se não fosse o Unigênito de Deus Pai.
Maria estava na enfermaria do hospital, amamentado seu filho, quando recebeu a visita ilustre de três autoridades, que ao entrarem quarto adentro foram logo perguntando:

___ Onde está o Primogênito de Deus... Viemos adorá-lo.

Em seguida entregaram presentes ao recém-nascido. O governador do Estado do Rio de Janeiro, Baltasar, o presenteou com um cheque cidadão. O prefeito de Duque de Caxias, Melquior, deu um pacote de fraldas descartáveis. E por fim a terceira autoridade, o coronel, responsável pelo Batalhão da Baixada Fluminense, Gaspar, trouxe para presentear, o atestado de bons antecedentes criminais de José, e acrescentou.

___ Com este atestado, a senhora terá direito de receber uma boa indenização do Estado e uma pensão vitalícia. Pelo triste episódio, que ocasionou a morte do seu esposo.

___ Agradeço as vossas excelências, pela atenção dispensada a mim e ao meu filho.

No mesmo dia que saiu do Hospital Geral de Saracuruna, Maria levou o recém nascido para ser apresentado no templo. Mãe e filho foram recebidos, pelo mais antigo membro da Igreja Evangélica Glória a Deus, o ancião pastor Cândido, que tomou o recém-nascido nos braços e bendisse a Deus:

___ Agora, soberano Senhor, pode despedir em paz este teu servo, porque os meus olhos viram a tua salvação, luz para iluminar as nações.

Maria ao receber seu filho de volta nos braços, perguntou ao ancião:

___ Pastor Cândido, qual o nome que devo colocar no recém-nascido?

___ Jesus! Este é o nome do Filho de Deus, que você gerou no teu ventre, Maria.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

PAZ E BEM!

Vim a Juiz de Fora, hoje, para tratar de assuntos profissionais. Sem tempo para prolongar o texto, pois dentro de minutos entrarei em uma reunião sem hora marcada para acabar, resolvi somente digitar algo para não dizer que não pensei em vocês hoje amados leitores. Paz e Bem!

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

DE FRENTE PARA O MAR

Apresentei hoje a editora, os originais do meu mais novo romance: DE FRENTE PARA O MAR. Essa história, diferente das que já publiquei não tem pano de fundo nenhuma religião. O enredo começa em Estância - Sergipe, e com o desenrolar se transporta para o Estado do Rio de Janeiro. Muitos perguntam por que eu sempre uso os cenários sergipanos para ambientar minhas histórias, é simples, por que como roteirista eu escrevo como se estivesse mostrando uma fotagrafia. Daí vem minha necessidade de usar cenários pelos quais nutro paixão. Sergipe,todo ele, é minha grande paixão.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

ALEGRIA, ALEGRIA

É muito prazeroso quando a gente recebe mensagens de elogios pelo o que a gente se propõe a fazer. Tenho recebidas inúmeras mensagens fazendo comentários sobre o que é postado no meu blog. Isso massageia o nosso ego, nos causa uma sensação de dever cumprido. Obrigado, leitores do blog ORATÓRIO, pelo o respaldo demonstrado através das mensagens carinhosas a mim envidas.

domingo, 17 de fevereiro de 2008

CONTO - A GEOGRAFIA DO VENTRE

Este conto é parte integrante do meu livro: AS DORES DO MUNDO.

A GEOGRAFIA DO VENTRE


Era hábito da professora Carmem Toledo, após dar sua última aula de Geografia, no Colégio Brava Gente, localizado na Rua da Assembléia, ela se dirigia à Estação das Barcas, para fazer a travessia da Baía de Guanabara, somente assim ela chegava em Niterói, onde morava.
Grávida de oito meses, a professora Carmem, já estava a bordo da barca, sentada no lado direito, quando de forma inusual, um homem elegantemente bem vestido, aparentando ter 40 anos, dela aproximou-se e lhe entregou uma maleta de couro marrom, demonstrando muito pueril no olhar e com a voz tremula falou com a professora:

___ Aqui dentro desta maleta, tema a solução de todos seus problemas. Pode usar a metade, a outra metade um dia você me devolverá.

Antes mesmo que Carmem pedisse explicação, o dito homem se levantou e saiu, desaparecendo entre os passageiros, por ser hora do almoço a barca estava completamente lotada.
De repente ouvi-se tiros, vários tiros, uma lancha em alta-velocidade, tenta se emparelhar com a barca, quando acontece das duas embarcações ficarem lado-a-lado, alguns homens da lancha pulam para a barca. Com revólver em mãos, eles vasculham cada centímetro da barca, deixando claro que estavam a procura de alguém ou alguma coisa.
O pânico toma conta de todos os presentes: gritos, desmaios e passageiros desesperados que pularam na baía. Finalmente, os homens aramados encontraram o alvo, estava ele escondido na casa das máquinas. Era o tal homem, de quem a professora Carmem recebera a maleta marrom. Depois de ser terrivelmente torturado, na presença de todos, o homem confessou que tinha dado a maleta para uma passageira grávida, mas que ela nada tinha haver com ele, pois ambos nunca tinham se visto. Ele aponta com a mão para Carmem, e os homens armados vão até ela, e pegam a maleta que estava no seu colo. Com a maleta em posse, os homens armados, diante dos olhos dos passageiros executa à sangue-frio, o homem elegantemente bem vestido. Em seguida jogaram seu corpo na Baía de Guanabara. Terminada a cena hedionda, os homens armados voltaram para a lancha e forma embora em alta-velocidade.
Ao chegarem na Estação de Desembarque, em Niterói, os passageiros ficaram detidos, para que a polícia submetesse-os a um interrogatório. Com exceção da professora Carmem, depois de algumas horas todos foram liberados. Os policiais queriam saber de Carmem, o porquê do tal homem, entre todos os passageiros, foi escolher logo ela para dar a maleta: uma mulher grávida, professora de geografia. Porquê? E o que tinha na maleta? Carmem não deu resposta para nenhuma das perguntas dos policiais, limitou-se em dizer:

___ Eu não sei de nada, sou vítima dessa história. Assim como para os senhores, tudo isso para mim é incógnita.

Depois de fazer a declaração, sentiu fortes dores e entrou em trabalho de parto, trazendo ao mundo uma bonita criança do sexo feminino. Por não suportar tanta pressão por parte dos policiais e pela a precariedade das condições em que deu à luz, a professora Carmem morreu. Seu marido, que era taxista no ponto da Rua da Conceição, Centro de Niterói, recebeu a notícia, tomado por uma dor profunda, foi reconhecer o corpo da esposa do IML e em seguida conhecer seu filho recém-nascido na maternidade.
Cinco dias passados do ocorrido, a polícia concluiu as investigações. A professora Carmem Toledo, era amante do tal homem elegantemente bem vestido, que chamava-se Haroldo Benfica, assaltante de carro-forte, que tentou passar à perna no chefão da organização – PHG – facção criminosa a qual ele pertencia. Após um assalto bem sucedido, Haroldo Benfica só repassou 20% do dinheiro roubado, os 80% estavam na maleta marrom.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

POESIA - AS HORAS DO TEMPO

Vejo os dias ultrapassando as horas
assim como uma onda quebrando o mar.
Vejo o apito do trem assobiando o seu sinal
na hora da partida da estação.
Vejo os carros desembestados
abrindo as ruas de farol fechado.
Vejo os aviões aterrisando
em fundo de quintal.
Vejo o que não vejo, vejo o que não digo
não sei se vejo o que sinto.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

VONTADE PRÓPRIA

Nesses dias, tenho prestado muita atenção no que falam determinadas pessoas.Eu continuo Colocado cada palavra dita na peneira, e aproveitando só o que de fato serve de bom. Cansei de ouvi calado as baboseiras que somos obrigados a escutarmos. Nosso ouvido não é penico, temos o direito de não ouvir o que não queremos ouvir.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

A BELEZA E O ALGOZ

Vinícius de Morais e o maestro Antônio Jobim, disseram: “olha que coisa mais linda, mais cheia de graça. É ela menina que vem que passa num doce balanço do mar”. Hoje, pela manhã, me deparei com a Helô Pinheiro, na Rua Visconde do Pirajá, em Ipanema, Zona Sul, da cidade do Rio. O tempo é mesmo algoz da beleza feminina. A “Garota de Ipanema”, canção internacional interpretada por nomes como: Madona e Frank Sinatra, da autoria dos poetas brasileiros acima mencionados, não é mais tão cheia de graça. Vi uma mulher totalmente transfigurada pelo tempo, apenas com um traço longínquo de beleza.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

O GENOCÍDIO PLANETÁRIO

O mundo estar mesmo de cabaça para baixo. Ninguém é de ninguém. A banalização é generalizada. Não se tem mais condição de fazer previsão de mais nada, tudo estar por um fio. As ruas estão cheias de delinqüentes, os hospitais estão superlotados, os jornais publicam o que não na verdade não aconteceu. Estamos inertes esperando o grande choque que provocara o genocídio planetário.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

AÇÕES FRAUDULENTAS

Somente hoje é que pude retornar ao Rio de Janeiro. Passei cinco dias em Campinas/SP a trabalho. Existem coisas que não podemos deixar correr frouxo, pois se não cuidarmos do que é nosso, os espertos de plantão se apodera do patrimônio construído com muita perseverança. Devemos conhecer bem detalhada a vida profissional e familiar de quem a gente contrata para ser gestor de um patrimônio, antes do leite derramado. Caso aconteça desvio de dinheiro e de conduta moral do contratado, a gente tem a quem recorrer. As ações fraudulentas estão impregnadas em todas as esferas; pública e privada. Resta saber qual é o caminho avesso dessa corja de abutres.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2008

OS SACRIPANTAS

Hoje em dia, é muito importante que tenhamos compromisso com a verdade. É muito triste você descobrir que alguém que você tanto confia, venha a ser desmascarado como um ser que não passa de um mentiroso, um sacripanta. O mundo está cheio deles. Estão nos Tribunais, no Congresso Federal, nas Igrejas, enfim, só nos resta criamos nossas defesas naturais.

domingo, 10 de fevereiro de 2008

CONTO - A VERNISSAGE DA EMBAIXATRIZ

O conto, hora postado, acabou de sair do forno. Comecei a escrevê-lo por volta das 11:15hs e fiz a conclusão neste momento que postei.

A VERNISSAGE DA EMBAIXATRIZ

Todos os condôminos do luxuoso edifício Chopin, na avenida Atlântica, no bairro de Copacabana, na cidade do Rio de Janeiro, achavam estranhíssimo que a embaixatriz Anna Beatriz Victorinne Albuquerque Diniz, não mais era vista no roll do edifício, ou passeando no calçadão como era hábito da viuva idosa.
Claudete, empregada doméstica há mais de dois anos da embaixatriz, é que circulava diferentemente de noventa dias atrás, época do desaparecimento da embaixatriz Anna Beatriz do meio social. A empregada parou de usar uniforme, só vestia roupas de grife, andava elegantemente e perfumada, chamando a atenção de todos, dando margem a comentários maldosos.
A desconfiança aumentava a todo instante, houve até rumores de que a empregada havia matado a embaixatriz e ocultado o cadáver. Esta possibilidade foi somente descartada porque o gerente do banco onde a embaixatriz era correntista, assim como vários moradores do Chopin, garantiu que constantemente falava via telefone com a embaixatriz Anna Beatriz, para dar a ela ciência das suas aplicações financeiras. A embaixatriz era dona de uma estimável fortuna.
Alguns condôminos tentaram visitar a embaixatriz em seu apartamento, mas não obtiveram êxito na empreitada, pois foram impedidos pela empregada Claudete. Desta forma, as especulações cresciam ainda mais em torno do desaparecimento da ilustre moradora do Chopin. A situação ficou mesmo insustentável, quando foi marcada uma assembléia extraordinária para os condôminos proprietários, com o intuito de forçar o comparecimento da embaixatriz. Porém, para o espanto de todos os presentes, quem apareceu foi a empregada Claudete, exibindo uma procuração assinada pela embaixatriz, dando-lhe plenos poderes de decisão.
Muitos se recusaram a deliberar com a empregada, e se retiraram da assembléia. Quem mais atacou Claudete com palavras, foi a juíza de direito Dr.ª Maria Pureza Fagundes.

___ Você é uma negra muito da abusada! Como ousa querer participar da nossa assembléia? Exclusivamente para condôminos proprietários, não vê que você não passa de uma simples empregadinha. Sei que tem algo muito de podre, por de trás do desaparecimento da minha querida amiga, a embaixatriz Anna Beatriz, e seja lá o quer for, sei que tem o seu dedo infecto nessa história. Eu vou descobrir o que aconteceu, e quando eu descobrir, vou colocar você na cadeia. É na cadeia que gente como você tem que apodrecer.

Foi um golpe doloroso para a empregada Claudete ouvir aquelas ofensas sem poder se defender. Saiu da sala de reuniões desolada e chorando descontroladamente.
Após uma hora do ocorrido na sala de reuniões, o síndico ligou para os condôminos convidando-os para se reunirem novamente, pois o mistério do desaparecimento da embaixatriz havia sido desvendado. Cada um dos condôminos, que ia chegando à sala de reuniões, ficava perplexo com a presença da embaixatriz Anna Beatriz Victorinne Albuquerque Diniz.

___ Estou estarrecida, envergonhada com o comportamento de vocês para com a minha secretária e amiga Claudete. Tudo porque ela estava cumprindo uma ordem minha; de não deixar, em hipótese alguma, que eu fosse incomodada durante noventa dias. Precisei me isolar de tudo e de todos para criar novos quadros, pois recebi um convite para fazer uma vernissage em Davos, na Suíça, e quando eu estou em processo de criação, é fundamental que eu esteja apenas comigo mesma, meu atelier só é freqüentado por mim durante este período. Eu sei, que vocês não sabiam desta minha paixão pela arte plástica, mas nada, absolutamente nada, justifica vocês humilharem e suspeitarem da coitada da Claudete, só porque ela passou a usar roupas chiques dadas por mim. Portanto, peço, melhor dizendo, eu exijo que vocês façam uma retratação neste momento a Claudete.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

DE VOLTA ÀS AULAS

Atípica, aos dias em que estamos vivendo a segunda-feira próxima, será o avesso dessa maré mansa. As aulas retornaram, a fazer parte do nosso calendário. Eu sinto uma satisfação de contentamento quando vejo uma criança uniformizada indo a sua escola, é como se eu visse a esperança caminhando para construir um futuro mais digno e igualitário. Estou entediado com o marasmo da atual conjectura, onde se vende uma artificial alegria, que somos abrigados a digerirmos. O filosofo Aristóteles escreveu na sua “Política” – “quem negligência a educação promovem a miséria”. Não restam dúvidas, que será a educação a força que nos resgatará, feito um super-herói, das mãos daqueles que insistem em dizer não para educação. Que venham as aulas e os alunos!!!

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

PRINCÍPIO DA GÊNESE

Olhando para o passado a gente sempre encontra rastros, do tempo é que tudo estava inserido no seio familiar, e que de certa forma queremos mantê-los acesos para posteridade. O alicerce perene é a família, é através dela que se conquista e se redescobre os valores éticos que pontuam as diretrizes do nosso viver. Não se pode ter autocontrole, e discernimento da elevação espiritual sem conhecer, a fundo, a árvore do princípio da gênese, é nela que se encontra a revelação de cada ser humano.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2008

A SUSTENTAÇÃO DA INFORMAÇÃO

Procurarei ser mais conciso na minha formulação de idéias. Eu acredito que haverá um tempo de muita transparência no colóquio do dia-a-dia. Não podemos mais perder tempo com assuntos que retratam o conformismo. Temos e devemos mostrar as coisas de forma direta e objetiva que dê sustentação e informação a grande massa. Se não encontrarmos o correto direcionamento através das religiões, através da mídia, que já está mais que provado que só nos desinformam, temos que buscarmos através dos ensinamentos espirituais a força para nos resguardarmos. A filosofia aristoteliana é uma fonte rica de ensinamento político, vamos nos debruçarmos na descoberta da sã filosofia e da concreta teologia, os demais itens virão por acréscimo.

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

PESSOAS E RELIGIÕES

Tudo na vida é sinal de Deus, todavia, Deus as vezes desaparesse da nossa vida. Essa fala é do personagem Edson Nunes, do meu adiantado romance: De Frente Para o Mar. Mencionei essa fala para dizer que nunca se pode abrir mão da felicidade, mesmo que seja necessário romper com as religiões dognistas, e pessoas fundamentalistas, obsecadas pelo o que não se vê. Isso está acima de uma quarta-feira de cinza, está acima de uma crença religiosa.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2008

CARNAVAL SURREAL

Em 1990, eu me lancei no mercado editorial, através da literatura, como carnavalesco. Para muito isso talvez venha parecer pretenciosidade, e de fato é. Não que eu tenha pretensões de ser carnavalesco, não tenho este dom, mais por ser a literatura algo despretensioso, no sentido da verdade, brinquei de ser o que não sou. Criei um carnaval fictício, com uma Escola de Samba carioca, também fictícia, que homenageou o meu Estado natal. O enredo era – Sergipe, Meu Papagaio das Asas Douradas: Um Conto de Carnaval. Querendo conferir as minhas peripécias carnavalescas surreais, é só entrar no site da Biblioteca Nacional e clicar no catálogo on-line / Anthônio Boquim, e aparecerá o índice com sete publicações da minha autoria, como Anthônio Boquim. Isso mesmo, para quem é desavisado, eu antes de usar Antônio Menrod, eu assinava minhas obras literárias com o pseudônimo Anthônio, com h mesmo, Boquim. É só procurar que achará o que está procurando.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

MACHINHAS CARNAVALESCAS

Ainda continuarei postando sobre o carnaval, até na quarta-feira de cinza, assim será. Falarei neste dia, das maravilhosas marchinhas carnavalescas que, infelizmente, hoje já não se ouve mais. A maestrina Chiquinha Gonzaga, é autora da mais bela machinha que conheço: “Ó abre alas”, imortalizada nas vozes das irmãs Linda e Dircinha Batista. No período em que as machinhas eram as únicas formas de cantoria para animar os salões, o carnaval tinha outra conotação, era ingênuo, porém sadio e servia somente para divertir.

domingo, 3 de fevereiro de 2008

POESIA - CARAVANA BRASILEIRA DE CARNAVAIS

Esta poesia foi escrita no carnaval de 2001, no Maracananzinho, onde eu estava participando de um retiro esprirtual durante os quarto dias de carnaval.


CARAVANA BRASILEIRA DE CARNAVAIS

A multidão em móbile
Com carnaval nas veias
Desfilando em blocos multicoloridos
Homens e mulheres indefinidos.
Vejo o Galo da Madrugada em terreiro de Olinda
Correndo em frevo circular
Arrastando foliões com matracas nas mãos.
Na orla aracajuana
Haja fôlego pra brincar
Nada é tão estonteante e épico
Quanto o carnaval daquele lugar.
O Expresso de Salvador
Arregaça a garganta de tanto cantar
É folia desinibida de sons inebriantes
Que atinge o alvo dos amantes.
Sampa que samba bem
Também sambódromo tem
O brilho carnavalesco não fica a deve a ninguém.
No Rio dos apoteóticos carnavais
O Cordão da Bola Preta vai chutar
Banda de Ipanema vai pular
Cacique de Ramos vai apitar

Boitatá vai bonbar
E na Sapucaí as Escolas vão desfilar.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

CARNAVAL DAS FANTASIAS

“É carnaval é hora de sambar, peço licença ao sofrimento depois eu volto pro meu lugar...Dona Tristeza, dê passagem à alegria nem que seja por um dia, pois respeito sua posição, mas hoje eu reclamo com toda razão..."

Este verso singelo do poeta e sambista baiano Batatinha, faz parte do cancioneiro popular, que traduz com exatidão a realidade vigente que desmantela nós brasileiros neste período de carnaval. Devemos pedir licença ao sofrimento, a fome, aos infortúnios de forma geral, para que, pelo menos neste período, seja concedida à fantasia da alegria para esquecermos da realidade que nos devora cotidianamente.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

ESPERANÇA RENOVADA

O dia hoje foi muito estafante, tive duas reuniões com os meus superiores, uma na parte da manhã, outra até agora a pouco. E no final de tudo, nenhuma decisão foi tomada oficialmente, tudo ficou somente na informalidade. O pronunciamento oficial mesmo ocorrerá em março. Portanto meus amigos, fica tudo como antes na casa de dantes. Embriagado pelo o enorme cansaço, não tenho fôlego para prolongar o texto, e me despeço com o desejo que todos tenham, um fevereiro de muito paz e de esperança renovada.