segunda-feira, 23 de maio de 2016

A PSICANÁLISE E A RELIGIÃO

  A PSICANÁLISE E A RELIGIÃO     A religião pertence à identidade do homem. E, se o homem abandonar a religião, perde a sua identidade. Na expressão de Erich Fromm: "a religião é uma árvore que produz pessoas virtuosas". Os elementos principais da religiosidade estão arraigados em um conjunto de doutrinas que elevam a compreensão humana diante da ciência divina. Obviamente, esta essência traduz o gênero psicanalítico. Há um fraterno laço que une a psicanálise e a religião, que se originou através das realidades proeminentes que incidem na ideia de que predomina a natureza da alma devinda por sua atitude diante da fé, quando o homem está em busca da linguagem. E, ainda dentro desta verdade, se faz necessário expor aqui as palavras do mestre da psicanálise, Jacques Lacan, que atestava: "O inconsciente é estruturado como uma linguagem". A psicanálise, na sua forma de entendimento na relação da verdade, pressupõe uma metafísica, que equivale à vicissitude da exatidão da pluralidade doutrinal da psicanálise e da religião. Na Bíblia, encontramos a definição que "Deus é amor" (Cf. 1 João 4:8). Nesse conceito, encontra-se uma verdade irrefutável proferida pelo criador da psicanálise, Sigmund Freud, que escreveu: "A Psicanálise é, em essência, uma cura pelo amor". Assim sendo, podemos afirmar que a psicanálise, tal qual a religião, pode ajudar o ser humano a se conhecer melhor, a lidar melhor com os conflitos, a conviver melhor com as pessoas e a ter uma vida mais satisfatória e feliz. Pelos vértices das epístolas paulinas, podemos vislumbrar esta primazia através do que escreveu São Paulo aos Efésios: “Dele todo o corpo, ajustado e unido pelo auxílio de todas as juntas, cresce e edifica-se a si mesmo em amor, na medida em que cada parte realiza a sua função”. Indubitavelmente, este é um ato psicanalítico imprescindível na psicanálise. No plano moral, tanto na psicanálise como na religião, há concessão do livre arbítrio que é posto no princípio de todo julgamento sobre a moralidade de um ato. Friedrich Nietzsche declarava que: "Não existe nada fora da realidade da vida, nem acima nem abaixo, nem no céu nem no inferno, uma vez que todos os atos estão interligados com moral e à religião.” É através da psicanálise que podemos colocar em prática o que nos ensinou o filósofo Voltaire: "Todos nós sofremos, mas o falar nos dá alívio".  Portanto, há uma leveza na psicanálise semelhante àquela encontrada nos confessionários das religiões, onde o amor superpõe as sofreguidões, as dúvidas e as desesperanças. É de suma importância que o psicanalista seja, antes de tudo, um bom ouvinte e um exímio conselheiro. Carl Jung ressaltava: "Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana". Esta é uma lição rica e indispensável para a psicanálise e a religião.   (Todos direitos reservados deste texto a Antônio Menrod. Este material não pode ser publicado, transmitido, reescrito ou redistribuído sem prévia autorização)