sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

PETRÓPOLIS, EU REZO E CANTO PARA DEUS PROTEGÊ-LA

Há anos não assisto a televisão, nem mesmo noticiário. A leitura de um livro sempre foi, e continua sendo, meu entretenimento predileto. Para noticiários, opto por ler jornais. Porém, já passava das 19h e as notícias lidas nos jornais do dia 15 de fevereiro de 2022, sob o avançar das horas, já eram obsoletas. No entremeio da leitura do livro em mãos, recebi uma concisa mensagem de WhatsApp do estimado amigo confrade Dr. José Afonso Vaz: -"Está caindo um temporal devastador aqui em Petrópolis. Calamidade”. A ele, respondi de imediato: -"Deus salvaguardará, por intercessão de São Francisco de Assis e São José, as vítimas e desabrigados.” - Coloquei na minha resposta ambos os santos intercessores, pois são os dois de maior devoção do advogado e acadêmico de escol. Naquela aterrorizante noite para Petrópolis, eu estava no meu apartamento no Rio, no bairro de Botafogo, e após a troca quase simultânea de mensagens, liguei a televisão no canal GloboNews e, deveras, o cenário era de uma hecatombe pluvial. A vilania da chuva era impenitente, as imagens mostradas na TV me deixavam atônito. As cenas eram aflitivas, angustiantes, de cortar o coração até dos mais insensíveis dos homens. Não sei por que mas a música Everybody Hurts, tema da Organização Humanitária Internacional Médicos Sem Fronteiras, apoderou-se dos meus pensamentos. Passado esse momento, meu primeiro impulso foi pegar o Terço Mariano e ficar debulhando o rosário, rezando os Mistérios Dolorosos, estagnado diante da televisão, em pé. Infelizmente, não é de hoje que desastres naturais assolam Petrópolis, deixando vítimas e desabrigados. As culpas do poder público assumem várias formas, mas não acalentam a dilacerante dor da perda humana. Centenas de vidas esvaindo-se dos corpos soterrados, deixando entes queridos enlutados, os quais terão de conviver com a falta insubstituível de um membro familiar. A teologia contemporânea sempre nos aconselha a pensar a fé à luz dos sinais dos novos tempos. Como, por exemplo, entre outras coisas, a degradação desenfreada da mãe natureza, nossa casa comum, e o acrescimento global. A fé, para mim, está no princípio, meio e fim para a compreensão humana. A fé é minha guia desde sempre. Minha mola propulsora. Mesmo diante de uma grande tragédia, não podemos perder a fé. Há de se manter a fé. A fé renova, ela recria, ela alimenta a alma, ela nutre a esperança, ela fortalece, ela encoraja e ressuscita. A fé é propiciadora de bênção. Em Jó 13:15, está registrado um testemunho de fé que vai muito além de um grão de mostarda: “ainda que ele me mate, nele esperarei”. No dia seguinte, não poderia ser diferente: a tragédia de Petrópolisgerou espanto e repercussão nacional e internacional. Estava estampada nas primeiras páginas de todos os jornais. Petrópolis é uma imperial Fênix. Sua beleza estonteante revitaliza-se por si só. Petrópolis, os menestréis tecem poemas para ti. Petrópolis, minha amada e sempre lembrada Petrópolis, eu rezo e canto para Deus protegê-la.

sábado, 19 de fevereiro de 2022

FOI DEUS QUEM FEZ VOCÊ, MOÏSE MUGENYI KABAGAMBE

Não estava no scriptde Deus o assassinato cruel e covarde do jovem congolês Moïse Mugenyi Kabagambe, 24 anos, que, junto com sua família, havia escolhido o Brasil para realizar o sonho mais lindo que Deus sonhou para ele. A trama diabólica que levou a este desfecho horrendo foi elaborada por homens desalmados e armados com pedaços de madeira e taco de beisebol, que praticaram atrocidades com ações selvagens que abrem sendas claras de serem homens portadores de pensamentos supinamente doentios. No limbo deste nefasto fato, ocorrido em um quiosque na Barra da Tijuca, testemunhado por transeuntes, o que nos tornamos? Ou o que sempre fomos? Fingirmos que o mundo não está irrigado de retrocesso civilizatório, xenofobia, racismo, desumanização e capitalismo é oficializar o esmigalhamento da nossa condição de filhos de Deus. Por sermos “criados à imagem de Deus”, está na Carta de São Tiago 3:9: o Amor tem que ser a prática mais reinante em nós para com o próximo, não a barbárie. O poeta romano Virgílio escreveu: “Até as coisas derramam lágrimas quando a tristeza é grande demais”. Eu choro e meu coração se enche de profunda tristeza quando leio notícias que demonstram a degradação do amor ao próximo. E não foi diferente ao fazer a leitura do que aconteceu com Moïse Kabagambe, refugiado político, que para fugir da guerra e da fome deixou seu país africano para se abrigar no Brasil. Tinha ele uma fecunda existência pela frente aqui neste país, porém ceifada por cobrar seus direitos de trabalhador. Eu, mesmo diante do obscurantismo que o mundo persiste em nos oferecer, continuarei a experimentar um amor profundo pelo próximo, cuja fonte é e somente pode vir de Deus que se define como Amor. Em 1 João 4:8 “Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor”. Mesmo sem nunca ter conhecido Moïse Kabagambe, eu sinto amor por ele. E há em mim, com a morte dele, o sentimento da perda de um ente querido. Resta-me a plena convicção que ele está a emanar Luz sobre nós da Eternidade.