sábado, 22 de dezembro de 2007

DO OUTRO LADO DO ESPELHO

A melhor definição da morte esta na estrofe de um poema de Álvores de Azevedo – “A morte é a mais leviana de todas as prostitutas”. No dia de ontem partiu para o outro lado do espelho o ator Norton do Nascimento. Figura estimada no meio artístico, e nos últimos tempos, ovacionada pelo os evangélicos em razão da sua conversão ao rebanho, depois da sua cura: o ator passou por um transplante quatro anos atrás. A impressão que se tinha do Norton, nas suas raras aparições na mídia de um tempo pra cá, era que ele estava preocupado em refazer seus passos aqui na terra para cumprir sua missão de homem crente e temente a Deus. A morte é uma feiticeira traiçoeira, capaz de ludibriar o mais perspicaz dos homens. O poeta espanhol García Lorca, dizia que devemos nos manter o mais distante possível da morte, e nunca está despreparado para o dia da sua chegada. A vida é um grande espelho, onde a gente cria reflexos próprios e conseqüentemente nos divide em partículas, até o dia da nossa morte, quando as partículas são novamente aglomeradas. É o que podemos dizer da vida. Todavia, da morte, bem, da morte ninguém voltou para dizer o que tem do outro lado do espelho.