domingo, 16 de março de 2008

POESIA - FILHO DA SANTA

Poema escrito em 2001.

FILHO DA SANTA


Maria,
vai com os outros
abre as pernas, finge o gozo
pra ganhar o pão nosso de cada dia.
Maria,
minha mãe, que não conhece meu pai
uma tarde, mesmo contra sua vontade
me pariu, não sentiu dor nem alegria.
Maria,
que com todos os homens da cidade fodeu,
posso até ser filho de um ilustre senhor
ou quem sabe, filho do pescador Estrela Guia.
Maria,
teve no corpo os males da profissão
sífilis e gonorréia lhe pegou de montão
se curava com ervas, depois voltava a ser vadia.
Maria,
hoje velha e cansada, vive em um cortiço
após anos de vida difícil,
sobrevive com uma mísera aposentadoria.
Maria,
está morrendo, nem o filho lhe visita
médico que se formou, com o dinheiro de Maria,
agora o filho da puta, renega os seus.
Que covardia!
Maria, também era filha de Deus.